segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A Manipulação da Justiça - caso Silvio Berlusconi



Por Dalmo de Abreu Dallari, em 18/1/2011

Uma decisão recente da Corte Constitucional da Itália deixa evidente que o sistema judiciário italiano é fortemente manipulado por fatores políticos, a ponto de se criarem obstáculos legais para impedir, escancaradamente, que havendo altos interesses políticos envolvidos se obtenha uma decisão judicial justa. Jogando-se com formalidades legais e mantendo-se uma aparência de normalidade democrática fabricam-se inocentes, como também, se houver interesse, serão fabricados culpados.
A comprovação dessa degradação da Justiça acaba de ocorrer num caso envolvendo o presidente do Conselho de Ministros, chefe do governo italiano, Silvio Berlusconi, tendo sido objeto de uma decisão da Corte Constitucional proferida no dia 13 de janeiro.
Como tem sido muitas vezes noticiado pela imprensa de vários países, inclusive por alguns órgãos da imprensa brasileira, o ministro Berlusconi, empresário muito rico do setor de comunicações da Itália, vem sendo frequentemente acusado de utilizar meios fraudulentos para ampliar seus ganhos e fugir à responsabilidade fiscal.
Valendo-se de sua força política, concretizada pelo controle da maioria do Parlamento italiano, ele conseguiu a aprovação de uma lei que lhe dava imunidade jurídica, impedindo que ele fosse levados aos tribunais para responder por acusações de práticas criminosas, em razão de sua condição de presidente do Conselho de Ministros.
"Motivos justos"
Iniciado um processo em que figurasse como acusado, ele, simplesmente, não atendia às intimações dos juízes e não comparecia às audiências e seus advogados alegavam a ocorrência de um "impedimento legítimo", por sua condição de chefe do governo, aceitando-se que ficasse suspenso o andamento do processo enquanto ele permanecesse na chefia do governo.
Essa imunidade foi declarada inconstitucional pela Corte Constitucional italiana, em sessão de quinta-feira (13/1). Entretanto, pela mesma decisão ficou estabelecido que em cada caso concreto caberá ao juiz do processo avaliar a desculpa apresentada por Berlusconi para não se submeter às determinações judiciais e fugir, assim, a uma imposição constitucional, pois a Constituição italiana estabelece, no artigo 25, que ninguém pode ficar fora do alcance do juiz natural designado pela lei, não abrindo qualquer exceção. Mas já se estabeleceu, de antemão, que são motivos justos, não havendo afronta à Constituição, as ausências que tiverem por fundamento: a participação em reuniões do Conselho de Ministros, o comparecimento às reuniões entre o Estado italiano e alguma de suas regiões, a participação em encontros de caráter internacional, assim como todo tipo de reunião preparatória ou essencial para o exercício das funções de chefe do governo.
Formalidades convenientesComentando com ironia essa decisão, o jornal francês Le Monde, em sua edição de sábado (15/1, pág.9), observa que, na melhor da hipóteses, cada alegação de motivo justo para não comparecer perante o juiz abrirá a possibilidade de intermináveis debates, para se avaliar se "a necessidade de comparecer a uma reunião nos confins da Puglia" constitui ou não um "impedimento legítimo" para não comparecer à audiência que daria início ao processo. E assim, observa o jornal, os processos ficarão parados até que ocorra a prescrição, estando garantida a impunidade. Tudo isso de acordo com as formalidades legais do processo democrático.
Essa é a realidade do sistema judiciário italiano hoje, sendo mais do que óbvio que os amigos do rei serão protegidos por formalidades legais e não sofrerão condenações, continuando a posar de inocentes, ao mesmo tempo em que, em sentido contrário, quando houver interesse político serão adotadas as formalidades convenientes para a fabricação de culpados.

do Observatório  da Imprensa

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

PRESIDENTA, PONTO

HOUAISS
presidenta


Acepções
substantivo feminino
1 mulher que se elege para a presidência de um país
Ex.: a p. da Nicarágua
2 mulher que exerce o cargo de presidente de uma instituição
Ex.: a p. da Academia de Letras
3 mulher que preside (algo)
Ex.: a p. da sessão do congresso
4 Estatística: pouco usado.
esposa do presidente
Etimologia
fem. de presidente; ver sed(i)-

MICHAELLIS
presidenta
pre.si.den.ta
sf (fem de presidente) 1 Mulher que preside.
AULETE
presidenta
s. f. || (fam.) mulher que preside; esposa de um presidente. F. Presidente.
presidenta | s. f.
fem. sing. de presidente
DICIONÁRIO UNIVERSAL DA LÍNGUA PORTUGUESA
presidenta
(alteração de presidente)
s. f.
1. Infrm. Mulher que preside. = presidente
2. Infrm. Esposa de um presidente.
Masculino: presidente.
presidente
(latim praesidens, -entis, particípio presente de praesideo, -ere, comandar, governar)
adj. 2 gén. s. 2 gén.
1. Que ou aquele que preside.
s. 2 gén.
2. Chefe de uma assembleia, congresso, tribunal, junta, etc.
3. Título oficial do chefe de um Estado republicano.
Nota: admite também um feminino menos usado: presidenta.

A FLOR MAIS GRANDE DO MUNDO

Um conto de José Saramago



Relato para niños (y adultos) escrito y narrado por José Saramago. Un corto colmado de símbolos y enigmas, destinado a una infancia que crece en un mundo quebrado por el individualismo, la desesperanza y la falta de ideales. Cortometraje de animación intervalométrica combinada con dos dimensiones.

Dirección: / Juan Pablo Etcheverry
Guionista: / Juan Pablo Etcheverry
(adaptada de "A maior flor do mundo" de José Saramago)
Ilustración: / Diego Mallo
Produción: / Chelo Loureiro

Conto de José Saramago, "A maior flor do mundo", único escrito infantil de Saramago, que narra o curta.
O filme começa com um escritor que se diz incapaz de escrever histórias para crianças. Então ele começa a relatar como seria esse conto, se soubesse contá-lo.
O protagonista é um menino de uns 7 anos, que em uma tarde de verão decide explorar o fascinante mundo existente a cinco minutos de sua casa. Chega a um lugar seco e inóspito onde encontra uma flor murcha. O menino não hesita em ajudar a flor a recuperar a sua beleza e vai a procura de água. A flor não apenas renasce, mas também converte-se na maior flor do mundo e, provavelmente, na mais formosa.
Ao final o locutor lamenta não saber produzir histórias infantis e sugere que talvez o espectador possa contar melhor que ele, e quem sabe um dia ele aprenda.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Hage critica "má vontade e preconceito" da Veja

O ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage, enviou carta à revista Veja, em que contesta a afirmação de que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi "o mais corrupto da República". "Será ele o mais corrupto porque foi o primeiro Governo da República que colocou a Polícia Federal no encalço dos corruptos, a ponto de ter suas operações criticadas por expor aquelas pessoas à execração pública? Ou por ser o primeiro que levou até governadores à cadeia?", indaga Hage.
Leia a íntegra:

"Sr. Editor,

Apesar de não surpreender a ninguém que haja acompanhado as edições da sua revista nos últimos anos, o número 52 do ano de 2010, dito de "Balanço dos 8 anos de Lula", conseguiu superar-se como confirmação final da cegueira a que a má vontade e o preconceito acabam por conduzir.

Qualquer leitor que não tenha desembarcado diretamente de Marte na noite anterior haverá de perguntar-se "de que país a Veja está falando?".

E, se o leitor for um brasileiro e não integrar aquela ínfima minoria de 4% que avalia o Governo Lula como ruim ou péssimo, haverá de enxergar-se um completo idiota, pois pensava que o Governo Lula fora ótimo, bom ou regular.

Se isso se aplica a todas as "matérias" e artigos da dita Retrospectiva, quero deter-me especialmente às páginas não-numeradas e não-assinadas, sob o título "Fecham-se as cortinas, termina o espetáculo". Ali, dentre outras raivosas adjetivações (e sem apontar quaisquer fatos, registre-se), o Governo Lula é apontado como "o mais corrupto da República".

Será ele o mais corrupto porque foi o primeiro Governo da República que colocou a Polícia Federal no encalço dos corruptos, a ponto de ter suas operações criticadas por expor aquelas pessoas à execração pública? Ou por ser o primeiro que levou até governadores à cadeia, um deles, aliás, objeto de matéria nesta mesma edição de Veja, à página 81?

Ou será por ser este o primeiro Governo que fortaleceu a Controladoria-Geral da União e deu-lhe liberdade para investigar as fraudes que ocorriam desde sempre, desbaratando esquemas mafiosos que operavam desde os anos 90, (como as Sanguessugas, os Vampiros, os Gafanhotos, os Gabirus e tantos mais), e, em parceria com a PF e o Ministério Público, propiciar os inquéritos e as ações judiciais que hoje já se contam pelos milhares? Ou por ter indicado para dirigir o Ministério Público Federal o nome escolhido em primeiro lugar pelos membros da categoria, de modo a dispor da mais ampla autonomia de atuação, inclusive contra o próprio Governo, quando fosse o caso? Ou já foram esquecidos os tempos do "Engavetador-Geral da República"?

Ou talvez tenha sido por haver criado um Sistema de Corregedorias que já expulsou do serviço público mais de 2.800 agentes públicos de todos os níveis, incluindo altos funcionários como procuradores federais e auditores fiscais, além de diretores e superintendentes de estatais (como os Correios e a Infraero).

Ou talvez este seja o governo mais corrupto por haver aberto as contas públicas a toda a população, no Portal da Transparência, que exibe hoje as despesas realizadas até a noite de ontem, em tal nível de abertura que se tornou referência mundial reconhecida pela ONU, OCDE e demais organismos internacionais.

Poderia estender-me aqui indefinidamente, enumerando os avanços concretos verificados no enfrentamento da corrupção, que é tão antiga no Brasil quanto no resto do mundo, sendo que a diferença que marcou este governo foi o haver passado a investigá-la e revelá-la, ao invés de varrê-la para debaixo do tapete, como sempre se fez por aqui.

Peço a publicação.

Jorge Hage Sobrinho

Ministro-Chefe da Controladoria-Geral da União"

Original no Vermelho

BRASIL NUNCA MAIS

BRASIL NUNCA MAIS
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