quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Inaceitável


Ditadura


"A tradicional conciliação na política brasileira acaba de revelar sua face mais perversa e repulsiva. É eticamente inaceitável que a União Federal, acionada pelo Ministério Público Federal para reaver o que pagou, com dinheiro público, às vítimas dos crimes cometidos contra opositores políticos durante o regime militar, venha assumir a defesa destes e não da dignidade do povo brasileiro ("Vannuchi diz que sai do governo se União mantiver defesa a Ustra", Brasil, 28/10).

Trata-se de uma afronta à Constituição e aos tratados internacionais de direitos humanos de que o Brasil é parte. O Ministro Paulo de Tarso Vannuchi, que desenvolve excelente trabalho na chefia da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, continua a merecer o total apoio das pessoas de bem neste país.


"MARIA VICTORIA BENEVIDES e FÁBIO KONDER COMPARATO , professores titulares da USP e diretores da Escola de Governo em São Paulo (São Paulo, SP)


Publicado em Painel do Leitor , da Folha de São Paulo.

É Hora de se Fazer Justiça

Segundo o presidente do Centro Internacional de Justiça de Transição - ICTJ, Juan Méndez, em um parecer assinado no dia 15 de setembro de 2008, o Brasil viola a Convenção Continental de Direitos Humanos ao declarar a prescrição de crimes cometidos na ditadura. Pode sofrer sanções de cortes internacionais ao justificar o arquivamento de processos que investigam os crimes da ditadura com a alegação de que prescreveram e não podem ser avaliados devido a Lei da Anistia, assinada em 1979.




AGU mais uma vez impede o direito à Verdade e à Justiça

No último dia 14 de outubro, a Advocacia Geral da União – AGU, instituição em que o diretor é da livre escolha do Presidente da República, apresentou uma contestação à 8ª Vara Federal Civil de São Paulo, assumindo a defesa dos coronéis de reserva Carlos Alberto Brilhante Ustra e Audir dos Santos Maciel. Ambos são protagonistas de uma ação pública ajuizada pelos Procuradores da República do Estado de São Paulo, Eugênia Fávero e Marlon Weichert, pela tortura e morte de pelo menos sessenta e quatro presos políticos, entre 1970 e 1976, no DOI-CODI/SP, época em que esses coronéis chefiavam aquele centro de torturas.

Não é a primeira vez que a AGU entra em cena para tentar impedir o direito à Verdade e à Justiça. Em 27 de agosto de 2003, o então Advogado Geral da União, Dr. Álvaro Ribeiro da Costa, apresentou ao tribunal Regional Federal de Brasília a apelação parcial contra a sentença da Juíza da 1ª Vara Federal condenando a União a fornecer informações militares de todas as operações realizadas no combate à Guerrilha do Araguaia. Além de informar onde estão sepultados os restos mortais dos opositores políticos e intimar a prestar depoimento todos os agentes militares ainda vivos que tenham participado de quaisquer das operações, independente dos cargos ocupados.

Com o argumento de que na petição inicial do processo contra a União não foram pedidos esclarecimentos sobre os aludidos fatos, o governo federal recorreu pedindo a anulação da sentença, a fim de invalidar parte da decisão que determina depoimentos dos militares e a liberação de documentos das Forças Armadas sobre a Guerrilha do Araguaia.

Utilizando, novamente, de argumentos banais, a contestação da AGU no caso dos ex-comandantes do DOI-CODI/SP alega que: “É necessário ao Estado preservar a intimidade de pessoas que não desejam “reabrir feridas”.

Em ambos os casos o governo federal procede de forma perversa e abominável, acobertando aqueles que foram responsáveis por crimes contra a-humanidade. Mais uma vez o Brasil caminha na contra-mão da história.

Segundo o presidente do Centro Internacional de Justiça de Transição - ICTJ, Juan Méndez, em um parecer assinado no dia 15 de setembro de 2008, o Brasil viola a Convenção Continental de Direitos Humanos ao declarar a prescrição de crimes cometidos na ditadura. Pode sofrer sanções de cortes internacionais ao justificar o arquivamento de processos que investigam os crimes da ditadura com a alegação de que prescreveram e não podem ser avaliados devido a Lei da Anistia, assinada em 1979.

A sensação que se tem é a de uma corrida com obstáculos, onde o participante acredita já ter vencido todos, porém o adversário, sorrateiramente, coloca mais obstáculos. Depois, publicamente, com a maior desfaçatez, declara que “torce” pelo participante.

Assim procede o atual governo quando inaugura “Centros de Memória”, na tentativa de vender à opinião pública a imagem de que existe o “compromisso político com o regate da nossa memória histórica”. Porém, não abre os arquivos secretos do terror e opta pela defesa de conhecidos torturadores, quando poderia - e deveria - se posicionar a favor das decisões da Justiça.

Vergonha! Esse é o sentimento que nos desperta tais manobras sórdidas que tentam encobrir os crimes cometidos durante o período da ditadura militar brasileira.

Pela Vida, Pela Paz! Tortura Nunca Mais!

Grupo Tortura Nunca Mais/RJ

Rio de Janeiro, 30 de outubro de 2008

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Ken Loach - 11 de setembro são dois

11 diretores foram convidados para fazer um filme sobre a queda das torres gêmeas do 11 de setembro.
Vale a pena relembrar.
Aqui a brilhante contribuição de Ken Loach.
Ele traça um paralelo com outro 11 de setembro: o de 1973 no Chile.

Sean Penn short movie - 11'09''01

Para relembrar
11 diretores foram convidados para fazer um filme sobre a queda das torres gêmeas do 11 de setembro. Aqui a bela contribuição de Sean Penn.


sábado, 25 de outubro de 2008

Gabeira e os canibais do Jobi



São múltiplas as significações da candidatura Gabeira e da “onda verde" nas eleições municipais do Rio de Janeiro, mas a mais expressiva de todas aponta para uma parcela da classe média em permanente crise de identidade.

de Gilson Caroni Filho

Para Dani Tristão, que conheceu a ferocidade dos bronzeados que pontificam na orla, e não desistiu da militância.

Em processos eleitorais há quem veja determinadas posturas e discursos como expressões de coerência e determinação, quando o mais correto seria falar em oportunismo político com base social objetiva. São múltiplas as significações da candidatura Gabeira e da “onda verde" nas eleições municipais do Rio de Janeiro, mas a mais expressiva de todas aponta para uma parcela da classe média em permanente crise de identidade.

Um estrato que se enxerga como inovador no trabalho, nas manifestações artísticas e na política, mas como nenhum outro representa a cultura da submissão ao poder e de intolerância a quem não partilha sua cultura de classe.

Esconde seu conservadorismo autoritário empunhando bandeiras que vão da liberação sexual a movimentos ecológicos e descriminalização de usuários de drogas, mas, quando confrontada com perda de privilégios, não hesita em expressar a verdadeira face ideológica: aquela que revela seu caráter histórico submisso e seu velho hábito de festejar formas de poder que recusam a cidadania, não distinguindo o público do privado.

É dessa tensa dialética entre ideal do eu e sua verdadeira subjetividade que nasce a identidade entre a classe média carioca e Fernando Gabeira. Ambos sabem que não são como se apresentam, mas não podem viver sem a auto-imagem construída por meio de omissões espertas.

Precisam repetir como mantra: ”Somos éticos, progressistas e democratas". E se a realidade não confirmar nada disso, não haverá problema. Pois tal como na letra de Adriana Calcanhotto, “cariocas são modernos/cariocas são espertos/ cariocas são diretos/ cariocas não gostam de dias nublados”.

Se há quem diga que a passagem de Gabeira pela luta armada “teve a marca da imaginação", não há motivos para não destacar que ela só foi pródiga no seu primeiro sucesso memorialístico: "O que é isso companheiro?"

Se a narrativa não o apresenta como figura central, as interpretações posteriores, que lhe deram um protagonismo que nunca teve, nunca foram desmentidas pelo autor. Pra quê? Mais importante que o fato é a versão.

De fato, jamais sustentou ter sido o autor do texto - manifesto que jornais, rádios e TVs foram obrigados a tornar público, mas nem pensou em desautorizar os que lhe conferiram uma autoria indevida. Isso é de conhecimento dos freqüentadores do Jobi, bar de boa qualidade do Leblon, onde entre cenas de canibalismo, a nata bronzeada da sociedade carioca celebra seu socialismo de salão. Afinal, “cariocas são atentos/ cariocas são tão claros/ cariocas não gostam de dias fechados”.

Como destaca Alfredo Sirkis, em entrevista a Mário Augusto, pesquisador da Unicamp, "foi ele que contou a história e ficou com a notoriedade, ficou como referência daquela geração com idéias que não correspondem às deles". Nada mais justo. Uma discreta apropriação indébita não é pecado capital para "os inocentes da orla carioca"

As especulações sobre sua sexualidade não foram desmentidas por conta de uma estratégia efetiva de trazer a intolerância sexual para o debate político, mas, como revela Sirkis, por um cálculo erótico prosaico. "O que acontecia naquela época era que... estava na moda ser bissexual! Inclusive, dava prestígio entre as mulheres você dizer que era bissexual".

Foi assim, prezado leitor, que Gabeira se tornou o primeiro heterossexual enrustido do Ocidente. Mais uma vez se comprova que “cariocas são bonitos/ cariocas são sacanas/ cariocas são dourados”... e adoram o arbítrio de uma falsa narrativa que os fazem parecer mais "modernos" do que são.

Gabeira não tem sido diferente na campanha. Usa imagens do dia em que mandou o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, calar a boca, como se tivesse vencido uma batalha que não travou. O mesmo com as cenas em que, aos trancos, entra na Sessão do Senado onde se votava a cassação de Renan Calheiros. São ações que não ultrapassaram o marco do espetáculo, mas que se encaixam bem no acordo tácito com suas bases.

Os canibais do Jobi precisam se sentir desassombrados e importantes. Sabem que Gabeira é uma construção farsesca, mas isso pouco conta. Eles, em busca de suas ilusões perdidas, também são.

Redivivo, Lacerda vê com satisfação o PV assumir, enfim, o seu destino histórico: ser a tanga de crochê que faltava à direita carioca.


Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Observatório da Imprensa

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Deixa a Marta Trabalhar





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Aqui você pode dar o download do tone para seu celular ou blog
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O Ombudsman confirma em números o engajamento da Folha na campanha demotucana



O ombudsman da Folha de S.Paulo, Carlos Eduardo Lins da Silva, criticou em sua coluna publicada no domingo (19) a postura do jornal na polêmica a respeito da vida pessoal do candidato do DEM, Gilberto Kassab, à Prefeitura de São Paulo. A controvérsia girou em torno de uma peça produzida pela candidatura de Marta Suplicy para o seu programa eleitoral na televisão.

Foi desproporcional a postura da mídia em relação à peça levada ao ar pela candidatura Marta Suplicy “Você Sabe Quem é Kassab?”. O Ombudsman da Folha de São Paulo, Carlos Eduardo Lins e Silva, reclamou da quantidade de artigos críticos à Marta.

Aproveitando-se da distorção do sentido das perguntas, assimilada inclusive por partidários da Prefeita, os demotucanos-comentaristas (Eliane catanhede, Clovis Rossi e outros),atacaram duramente Marta com críticas e insinuações.

O Ombudsman considera inexplicável o jornal ter dado tanto espaço para o tema, já que a Folha considera a vida pessoal dos candidatos “desimportante para decisões eleitorais”. Segundo ele, a candidatura Marta Suplicy recebeu, durante cinco dias ininterruptos, grande carga de matérias negativas.

Vale a pena ler alguns trechos do texto “Faça o que digo, não o que faço”
do ombudsman da Folha:

“A Folha acha a vida pessoal dos candidatos desimportante para decisões eleitorais. É inexplicável por que deu tanto espaço e destaque a temas relacionados à condição conjugal do prefeito de São Paulo.”

“O estado civil de Gilberto Kassab (DEM) gerou quatro chamadas de capa, 11 abres de página, 24 matérias, oito colunas, seis notas, 19 cartas de leitores, 1.172 centímetros de textos noticiosos (cerca de quatro páginas cheias).”

“Este exagero despropositado é grave erro editorial. Se o jornal acha que a vida íntima do prefeito não é relevante, por que lhe dá tanto relevo?”

“Ao estimular o bate-boca indigente e ajudar para que o insinuado na propaganda do PT ficasse explícito, o jornal abriu mão de fomentar o debate sadio. Ele nunca deveria se prestar ao trabalho sujo que outros veículos fazem com muito prazer e competência.”

Leia a íntegra aqui
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quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Mentira e Truculência Demotucana

"W": Bush sob as lentes de Stone. Nem precisou pegar pesado.


'W', o filme, é melhor que W, o presidente

Sérgio D'Ávila


George W. Bush luta com todas as armas que ainda restam e o pouco tempo que sobra a sua Presidência para não entrar para a história apenas como aquele que deixará a seu sucessor não só a pior crise financeira das últimas décadas como duas guerras em andamento. Pois o filme W., cinebiografia dirigida por Oliver Stone que estreou sexta nos EUA, não ajudará seu legado.

Com foco na Guerra do Iraque, o longa pinta um retrato de um presidente despreparado que, movido por convicção religiosa e desejo de se livrar da sombra do pai, leva o país e o mundo a um dos conflitos mais equivocados da história recente.

Seria só mais uma crítica a Bush, não fosse o diretor uma voz ativa — polêmica e progressista, mas ativa — na discussão política norte-americana. Stone já mirou as lentes em outros dois presidentes americanos: JFK, sobre o processo que se seguiu ao assassinato do democrata em 1963, e Nixon, sobre o processo que levou à renúncia do republicano em 1974.

A repercussão em torno do primeiro levou uma comissão do Congresso a reexaminar as circunstâncias do crime. É pouco provável que algo tão dramático aconteça com W., pois os fatos não são inéditos e foram retirados, segundo Stone, de importantes livros de não-ficção — como a série do jornalista Bob Woodward sobre Bush.

Ainda assim, a obra já causa barulho. ... leia a íntegra

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Eu apóio Cesare


Eu apóio Cesare Battisti
Depoimento de Adriana Mata*

... e os vasos de tomilho e manjericão que M. espalhara em vários cantos, nunca irão ficar sem água. (Cesare, p.61)


É chegada a hora...

Na condição de cidadã brasileira comum que trabalha, cuida dos filhos, prepara o jantar e cumpre suas obrigações eleitorais, sinto-me na obrigação de expor minha indignação em relação à prisão de Cesare Battisti. Há 19 meses perdura a tortura deste companheiro nos cárceres da Polícia Federal, em Brasília.

Considerando todas as evidências, ele não poderia estar ‘’trancafiado’’, pois é claro e notório que é vitima de interesses políticos e comerciais da França e da Itália. Itália de Berlusconi quase que por direito!

Passaria horas escrevendo sobre estes interesses. Aliás, escreveria um belo livro. Mas prefiro lê-lo, depois que nosso companheiro Battisti sair do cárcere e voltar às suas atividades.

Sinto-me privilegiada por ter lido seu livro “Minha Fuga Sem Fim”. Na leitura deste livro, era como se eu tivesse compartilhando a dor de Battisti e ao mesmo tempo soltado belos sorrisos com ele. Era como se eu tivesse sentada em um bar tomando um bom vinho com ele que, sorrindo, contava-me de suas peripécias, de suas idéias, de seu amor pelas filhas e de sua admiração por Fred Vargas.

A leitura de Minha Fuga Sem Fim não faz dele um anjo de candura nem um assassino, como a mídia européia tentou e tenta mostrar. Há, no entanto, um dossiê, existe documentação que prova sua inocência.

Compartilhar o desejo que a Itália de Berlusconi (ou talvez um desejo particular de Berlusconi) tenha é inadmissível. Esta perseguição já dura décadas. Em 2004, Berlusconi conseguiu que a França derrubasse um acordo assinado pelo Presidente da França, François Miterrand. O acordo consistia no direito de asilo político aos Italianos dos anos de chumbo. ‘’E a perseguição continua’’.

Nosso Presidente Lula, já no seu segundo mandato e membro de um partido como o PT, e Battisti lutaram nos anos 70 pelos mesmos ideais. É incoerente admitirmos que ele seja extraditado. Este governo tem a responsabilidade moral e cívica de conceder abrigo solidário ao companheiro. Battisti é daqueles que de uma forma ou de outra contribuiu para o fortalecimento do PT.

A preocupação com a extradição não é em vão. Não sabemos quais as reais pretensões do governo italiano. Eles pedem a extradição de Battisti para cumprir a prisão perpétua, e a prisão perpétua não é permitida pela nossa constituição. Nesta condição o Brasil não poderia entregar o ‘’camarada’’ e a Itália também tem consciência do fato.

Vale ressaltar que
“A Legislação Brasileira é clara quando normatiza a extradição, tal qual o faz no Estatuto do Estrangeiro (Lei n 6.815-80), artigo 77, incisos III e VII, in verbis:

‘’Não se concederá a extradição quando:
(...)
III - O Brasil for competente, segundo duas leis, para julgar o crime imputado ao extraditando;
(...)
VII – O fato consistir crime político’’, (O grifo é nosso)

A Carta Magna Brasileira veda a extradição motivada por crimes políticos e estatui que, neste país não haverá penas de morte ou de caráter perpétuo (art. 5, XLVII, ‘’a’’ e ‘’b’’). Tal reciprocidade não se encontra no Tratado de Extradição estabelecido entre as Repúblicas do Brasil e da Itália e Objeto do decreto n 863, de 09 de Julho de 1993.

Recentemente, o posicionamento do então Ministro da Justiça, Clemente Mastella, comprova a pretensão da Itália em manter em cárcere perpétuo o escritor Cesare Battisti. A confirmação é pública e consta da edição de 11/10/2007, às 19h32min, do jornal eletrônico il Giornale.it. Nele, Mastella explica que sua afirmação às autoridades brasileiras de que Battisti não seria penalizado com pena perpétua tratava-se, em verdade, de um estratagema para garantir a extradição do mesmo. A matéria noticia que o Ministro Italiano asseverou que Cesare não receberia nenhum benefício penitenciário.” . (Moção de Apoio – Brigadas Populares – MG)

Não se pode confiar em um governo que se contradiz o tempo todo.

Depois de muito ler e refletir concluí que uma das “razões’’ desta obsessão da Itália é porque Cesare tornou-se um homem público e editou vários livros, nos quais retrata os abusos do governo de seu país, recebendo prêmios por eles.

Quando Battisti foi abordado pela Polícia Federal em Copacabana, no dia 18 de Março de 2007, ele se apresentou como Cesare Battisti, sua verdadeira identidade.
Nunca vi uma reportagem sequer que falasse que Battisti, neste período (set. 2004 a mar 2007), tenha transgredido nossas leis, como desordem, vandalismo, bebedeiras, calotes, agressões verbais e ou físicas. Nem na França durante o tempo que esteve exilado registrou este tipo de ocorrência. Isto porque a luta corpo-a-corpo ficou na Itália dos anos 70, Agora sua luta é intelectual.

Vamos todos nos mobilizar a favor de Cesare Battisti, fazendo com que o nosso governo saiba que estamos atentos ao que esta acontecendo. Neste momento Battisti precisa de nosso apoio para manter o equilíbrio e a serenidade na sua luta dolorosa.

Peço a Deus que o ilumine e o proteja sempre!

Adriana Mata

Poços de Caldas, 09 de Outubro de 2008.

*Adriana Mata tem 39 anos, é casada, mãe de cinco filhos e mora no sul de Minas Gerais - Poços de Caldas.

O livro citado: Cesare Battisti. Minha Fuga Sem Fim. Editora Martins Fontes.
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segunda-feira, 20 de outubro de 2008

A Tragédia de Santo André. De quem foi a Culpa?

Leila Jinkings

O episódio de Santo Andre, quando duas meninas foram sequestradas pelo ex-namorado de uma delas, emociona a todos nós. A desastrada operação de resgate indigna a muitos.

A PM paulista proporcionou cenas que se assemelham à comédia de cinema mudo. A diferença é que as cenas eram reais e envolviam tres crianças de tres famílias de gente simples, que assistiam impotentes o desenrolar das tentativas de solucionar o problema. Durante longos quatro dias os telejornais (à exceção, justiça se faça, da TV pública – TV Brasil) estavam tomados pelo espétáculo. Dia e noite, se não havia novidade, repetiam do mesmo.

Deu tudo errado. E agora, a quem culpar? A tonteria do resgate foi seguida pela da mídia, que não sabia como explicar o desfecho. Em São Paulo, a mídia dá um tratamento desproporcional às tragédias e às fofocas, de acordo com seus interesses e simpatias. Não pratica o bom jornalismo. Há quem tente explicar, como o jornalista Mauro Carrara, que afirma em artigo publicado no dia 19, que o governador Serra dá ordens nas redações, pauta e demite.

Enquanto o cel. Felix, comandante da operação, tentava justificar a ação de seus homens à mídia, Serra posava de dedicado e preocupado na ação anticrise da “sua” mídia, fato que provocou rumores e revolta no interior dos quartéis.

O governador é o maior responsável por toda essa tragédia. Ele deveria estar sentado ao lado do cel Felix, que corajosamene conversava com a mídia. Vejamos:
1. o governo erra ao não dar condições dignas de trabalho para as polícias civil e militar.
2. a polícia é do estado. O comandante supremo, governadpr José Serra, deveria ter averiguado as providências em curso. Ele deveria estar em linha direta, acompanhando passo a passo aquela ação que se tornara espetáculo por ação da mídia “oficial”.
3. A operação foi mal conduzida durante todo o tempo, decorrente do despreparo dos policiais, ocorrendo até mesmo infrações ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
4. O rapaz, ao sentir-se acuado no ato da invasão da PM ao apartamento, teve chance de atirar duas vezes em Eloá. Um atendimento especializado psicológico especializado (não se trata apenas de diploma em psicologia, mas ainda de especialização) poderia ter orientado tudo com profissionalismo.

A mídia sabe de tudo isso, mas não é a solução o que interessa. Carrara em seu artigo lembra ainda (e recomenda a quem não conhece) o maravilhoso filme de Billy Wilder, um clássico, pioneiro na crítica à espetacularização da mídia: A Montanha dos Sete Abutres. A história se passa em uma cidadezinha do interior, nos EUA. Um jornalista decadente vê no drama de um mineiro parcialmente soterrado, uma chance de ganhar dinheiro e fama. Ele constrói uma aparência de estar ali para ajudar, mobilizar salvamento, mas por trás tenta prolongar ao máximo o salvamento, iludindo o mineiro e sua família. O mineiro não resiste e morre.

A mídia agora prolonga o espetáculo a chamar os velhos especialistas de sempre. Para explicar a trajetória dos tiros, a saber se houve um tiro antes da invasão (sabe que não houve), saber se o garoto deveria ter sido assassinado antes de matar a sequestrada, saber se houve falhas na operação. Agem assim porque acreditam que seus leitores e espectadores são desprovidos de crítica.

A mídia não critica a mídia, que não critica Serra, que prioriza sua imagem a todo custo. O governador, que em nenhum momento foi em busca de profissionais especializados, pouco se importando com a vida daquelas crianças; que paga mal a polícia civil e militar e que trata com autoritarismo suas reivindicações. É o mesmo que corre a posar para os flashs pisando no cadáver da menina assassinada, com ar consternado. É o mesmo que corre a expor os policiais sob seu comando à execração pública.

Há muitos erros e muitas vítimas. E um culpado maior: o Governo do Estado de São Paulo.



sábado, 18 de outubro de 2008

E o nepotismo? Liberou geral?




Há que pensar: só os hétero respondem por nepotismo?
Leia aqui e responda:
Blog do Rovai
Tudo em Cima

Blogueiros unidos contra a campanha mal-disfarçada da mídia serrista

Universidade da Califórnia publica as notícias mais censuradas nos EUA

As 25 notícias mais censuradas


O genocídio no Iraque, com 1,2 milhões de civis mortos pelas tropas estadunidenses desde que começou a invasão, há cinco anos, é o tema que encabeça o ranking anual das 25 notícias mais censuradas pela grande imprensa dos EEUU e do mundo em 2007/2008, segundo “Censored 2009”, o informe do Projeto Censurado da Universidad Sonoma State da Califórnia publicado anualmente pelo editorial Seven Stories de Nova Iorque. As matanças do Iraque se comparam aos piores genocídios do século passado, como Ruanda e Camboja.

Além das 25 histórias mais censuradas, o livro contém valiosos trabalhos acadêmicos sobre a situação atual do jornalismo, novas visões do cambiante mapa da grande concentração da propriedade midiática, análises de conteúdo sobre a manipulação da informação que aborda temas como o governo do Hamas em Gaza, a liberdade de expressão nos EEUU e no mundo e a atividade das organizações da sociedade civil que lutam pela democratização dos meios informativos, entre outros temas de interesse para o cidadão comum da nossa sociedade em qualquer país, não só para os especialistas.

O Projeto Censurado, dirigido pelo sociólogo Peter Phillips, pesquisa há 33 anos as 25 notícias mais relevantes que nunca foram postas a disposição do público pelos grandes meios de comunicação corporativos que hoje exercem o controle midiático mundial. Ademais das 25 histórias “top”, o Projeto Censurado oferece este ano 14 menções honrosas a outros tantos temas que tampouco mereceram as honras da tinta e do papel ou as telas da televisão.

Phillips informou que no trabalho de investigação e seleção das 25 histórias “top” durante o ano os estudantes, acadêmicos e investigadores que trabalham no projeto analisaram várias centenas de “notícias censuradas” descobertas em meios independentes, sítios web, emissoras do interior, jornais sindicais, publicações estrangeiras, etc. Portanto, o total de notícias censuradas nos EEUU vai muito além das 25 histórias “top” e das 14 menções honrosas anuais. Algumas histórias nomeadas “em concurso” e submetidas à revisão podem ser observadas (em inglês) na página Project Censored

A América Latina está presente em vários trabalhos. Por exemplo, os jornalistas Laura Carlsen, Stephen Lendman e Constance Fogal investigaram como o espaço econômico do Tratado de Livre Comércio da América do Norte, que inclui EEUU, México e Canadá e é mais conhecido por NAFTA, sua sigla em inglês, está se convertendo em um espaço militarizado a cargo do Comando Norte estadunidense. Outro trabalho explica como em El Salvador ressurgiu a tristemente célebre Escola das Américas, mas sob outro nome, e no mesmo país se criminalizou o protesto social com uma lei antiterrorista calcada no Patriot Act dos EEUU que castiga a quem participe de manifestações com até 60 anos de prisão.

Fonte: Agencia Bolivariana de Noticias . Publicada no Blog Viomundo

Project Censored

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Afinal, quem é mesmo o Kassab?

Você sabe mesmo quem é o Kassab?
Sabe de onde ele veio?
Qual a história do seu partido?
De quem foi secretário e braço direito?
De quem esteve sempre ao lado desde que começou na política?
Se já teve problemas com a Justiça?
Se melhorou de vida depois da política?
Você sabe se ele é casado?
Tem filhos?

Assistam, antes de emitir sua opinião.
Tem muita gente por aí mostrando indignação e reclamando de Marta, sem sequer ter assistido à peça da campanha.
Não sei o porquê de tanto barulho. Mas sei a quem interessa.
Ei, pessoal, parem um pouco para refletir. Não comprem o que se ouve ou se lê na mídia venal. E critiquem o que se lê em certos blogs. Não existe um infalível.
Zé Dirceu escreveu uma bobagem sem tamanho ao sugerir que Marta peça desculpas. Que que é isso, companheiro?
Deixem a Marta em paz. Poucas mulheres enfrentaram tanto preconceito.
Deixe carregar um pouco e assista:



Não há nada inadequado aí.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

O que ganharia o Brasil extraditando um homem que lutou pela liberdade em seu país?


"Cesare Battisti, o jovem militante de um movimento italiano inspirado pela violência da época, não existe mais e, na sua errança de fugitivo, já pagou à sociedade seus excessos e, nem é certo, que tenha cometido crimes de sangue nos seus desvarios revolucionários. O Cesare Battisti que pede asilo no Brasil é, como tantos do próprio governo e do parlamento, um senhor casado, contra a violência, com duas filhas adolescentes que precisam de seu apoio.

Extraditar Cesare Battisti para ir apodrecer numa prisão italiana não tem nenhum sentido. A prisão tem um lado punitivo mas seu objetivo principal seria o de reeducar para a integração social, ora se punição era necessária para Battisti, sua vida tormentosa já o fez, mas de reeducação ela não precisa. Bastará ser libertado para voltar a escrever e a retomar uma vida normal, desta vez como um cidadão no Brasil, que confirmará ser um país justo.

Na França, uma mulher, Maria Petrella, mãe de duas filhas, vive o mesmo drama de Battisti e está se deixando morrer na prisão. O que a Itália de Berlusconi ou a França de Sarkozy ganham com a caça desses dois seres ?

Esperemos que pelo menos o Brasil, que nada deve nem à França e nem à Itália, deixe Battisti refazer sua vida, com sua mulher e suas filhas, reconhecendo estarem prescritas todas as acusações contra ele e incluindo seu caso na anistia geral decretada em 1985.

Dia 16, o Comité Nacional para Refugiados, Conare, deverá decidir quanto à extradição ou não de Battisti para a Itália. Se você é contra a extradição de Cesare Battisti, para que viva no Brasil como refugiado, transforme esta coluna num abaixo-assinado, coloque em evidência no seu site ou no seu blog, mande ao jornal de sua cidade e distribua entre seus amigos."

Íntegra no Correio do Brasil
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As Esquerdas e a Eleição

"Eu estou convencido que esta mulher sofreu campanha de
preconceito exatamente pelas coisas boas que fez por São Paulo",
(Lula sobre Marta Suplicy em São Paulo)





As forças de esquerda que apóiam o governo Lula, seja de forma incondicional ou com posturas mais críticas, saíram-se bem no primeiro turno das eleições. O PT, com as suas várias tendências internas, foi o partido que mais cresceu. Dos atuais 391 prefeitos, pulou para 548, venceu em seis capitais e disputará em outras três. O PCdoB elegeu 39 prefeitos (em 2004 fez só 10), reelegeu o prefeito de Aracaju e concorrerá em São Luiz. O PSB pulou de 214 para 309 prefeitos, reelegeu dois em capitais e disputará outras três. E o PDT, mais acuado, subiu de 311 para 344 prefeitos.


Com base na crescente popularidade do presidente Lula e também nas experiências positivas de algumas administrações, além de outros fatores, o PT retomou sua trajetória eleitoral ascendente, recuperando-se da grave crise vivida em 2005-2006. Já o PCdoB, com a sua tática eleitoral mais ousada, apareceu com fisionomia própria em cidades-chaves, projetou lideranças e se cacifou na disputa pela hegemonia. E o “bloco de esquerda”, unindo por PSB, PDT e PCdoB, ganhou maior musculatura e pode exercer um papel mais incisivo na sua relação com o PT e o governo Lula.


Esforço para derrotar a direita


Na justa batalha por se firmar no cenário político, os partidos de esquerda nem sempre estiveram unidos nas disputas municipais. No geral, porém, predominou o bom senso nas alianças visando evitar vitórias da oposição liberal-conservadora. Este esforço garantiu, por exemplo, o apoio do PT aos comunistas em Aracaju e São Luiz. Já o PCdoB retirou as suas candidaturas próprias para impulsionar candidatos petistas mais bem situados em várias capitais. Sem esta conduta madura e unitária seria bem mais difícil a situação de Walter Pinheiro (BA) e Marta Suplicy (SP), só para citar dois casos emblemáticos. A união em Salvador ajudou a “dar uma surra” em ACM Neto.

Leia mais:

A tragédia do Rio de Janeiro
O fiasco da “frente de esquerda”
A ausência de tática política

No Blog do Miro - uma trincheira de luta contra a ditadura midiática

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Dois Passos à Frente


O vídeo no Youtube emociona. Reminiscência de uma época na qual acreditamos ter dado um grande passo adiante. Conquistáramos o poder. O povo no poder! A URSS era um estímulo para prosseguir e acreditar na luta.

Um passo atrás.

A burocracia derrubou aquele totem. Rendeu-se ao canto do capital. Junto com aquele muro caiu por terra a “convicção” de muitos falsos comunistas e socialistas. Cansados de lutar contra a desinformação reproduzida pela indústria cultural, cansados de estar “fora de moda”, deitaram suas bandeiras, vestiram suas tanguinhas, suas gravatas, alguns trocaram O Capital pelo evangelho e sorriram aliviados. “Aquele bando de vagabundos que vá estudar e se esforçar para ingressar no mercado. Eu vou cuidar é de faturar.”

Uns foram tentar o mercado. Outros, com nova fachada light, ombrearam-se àqueles que antes combatiam e foram contar mentiras e faturar votos e grana, convencendo a muitos que a história tinha chegado ao fim. “Quem lutar terá sua chance de vencer na vida”.

Faz anos que tudo aconteceu. É bem verdade que, sob a cortina imposta pela mídia, alguns ainda acreditam nas aleivosias do mercado. Outros tantos perceberam ter caído em um conto fantasioso. Milhares, sem deixar-se enganar, mantiveram-se firmes rumo à conquista do mundo igualitário que aprenderam ser possível. Estes conservam a coerência de suas convicções e a sua biografia límpida.

Dois passos à frente.

Aos poucos a caverna foi-se iluminando, bem devagar. Alguns saíam lentamente a entender o que acontecia lá fora. Algo acontecia diferente do que mostravam as imagens projetadas. Estranhavam o que os arautos insistiam em apregoar, pois alguns desses serviçais já encontravam dificuldade nas cores das tintas. Os que saíram perceberam outras cores, outras imagens, outras palavras. Povos se levantaram e viram a luz tão diferente e, com determinação, apropriaram-se daquilo que, agora percebiam, era deles desde sempre.

Hoje, outro muro, levantado pelo tão poderoso deus mercado, caiu. Levou templos e arrastou milhões de devotos. Aquele muro de visibilidade extraordinária, que foi derrubado como um símbolo e uma lição, volta hoje ao imaginário como uma interrogação. Onde estava este muro que não era mostrado e que agora se transforma em tantos escombros? E por que se procura nos jornais e não se acha explicação? Apenas se vêem umas notinhas, aqui e ali, um tanto confusas. Procura-se os arautos e eles estão esquisitos, falam frases desconectas, como se estivessem em um mundo desconhecido.

No meio da praça, um velhinho, de barbas brancas, fala para poucas pessoas que se aproximam. Ele carrega um livro antigo, capa vermelha, e aparenta ter saído dos escombros. Diz com paciência, olhando para cada um que se aproxima: “Só vocês poderão reconstruir esses escombros. Unidos, como escrevi há cento e sessenta anos atrás”. Na praça, a multidão já forma centenas de milhões de pessoas.
Leila Jinkings

Assista aqui ao vídeo do Exército Vermelho
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Kassab, mostra a tua cara.



Fora, Kassab fascista!!

domingo, 12 de outubro de 2008

Hino Vibrante de uma Luta

Tributo ao Exército Vermelho

O Cassino dos Tribunais


As Provas são irrefutáveis, diz Mino Carta em editorial:

Que diria o atento leitor, o cidadão honrado, ao ser informado que o supremo representante da Justiça brasileira compra terrenos de 2 milhões de reais por um quinto do valor? E que diria ao verificar que, ao aliar à atividade de magistrado a de empresário da educação, fecha contratos sem licitação para cursos diversos com entidades estatais as mais variadas, desde a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional até o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação? É de se supor que o cidadão em pauta ficaria entre atônito e espantado.

A mídia nativa aposta porém em leitores rudes e ignaros, que não precisam, ou melhor, não podem e não devem conhecer situações do Brasil 2008 como as acima apontadas. Donde, que Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal, aquele que chamou às falas o presidente da República, durma sonos tranqüilos a despeito do clamoroso conflito de interesses revelado pela magistral reportagem de Leandro Fortes, publicada na edição de CartaCapital da semana passada.

A mídia nativa alimenta uma convicção terrível e, ao mesmo tempo, patética: não acontece aquilo que ela não noticia. Por quanto tempo ainda conseguirá enganar muitos cidadãos, por mais honrados e atentos? A verificar. Vale, em todo caso, citar o chamado ombudsman (ombudsman? Estaremos na Suécia?) da Folha de S.Paulo, na sua tentativa de explicar o silêncio do seu jornal em relação às revelações de CartaCapital.

Pergunta-lhe diretamente um leitor por que ignorar fatos tão relevantes, sem deixar de recordar que o célebre grampo da conversa entre Mendes e o senador Demóstenes Torres, até hoje sem prova, teve ampla cobertura da Folha. Responde o ombudsman que, dependesse dele, ambos os assuntos não teriam registro, embora sustente que a reportagem de CartaCapital apenas se refere “a um possível conflito de interesses”. Possível? Escancarado, indigno de um país que se pretende democrático. Que esperar, no entanto, do ombudsman (esta palavra, insisto, me causa enormes perplexidades) de um jornal que, por exemplo, se esbaldou em casos como o do cartão corporativo da tapioca, enquanto enterrava rapidamente as informações sobre o relacionamento tucano com a Alstom. Seria demais exigir do solerte fâmulo que se perguntasse por que o próprio Gilmar Mendes, ao reagir contra CartaCapital, falasse em “pistolagem jornalística” em lugar de se dizer vítima de mentiras. Não diz porque as provas são contundentes, e um magistrado ao menos sabe disso.

Agora sou eu quem pergunta aos meus pacientes botões qual seria a razão pela qual figuras como Gilmar Mendes, ou como Daniel Dantas, contam com o pronto amparo da mídia nativa. Arrisco-me a um palpite: antes de qualquer outro interesse eventualmente em jogo, trata-se talvez de exercer a proteção corporativa, pontual e inexorável entre aqueles que, de uma forma ou de outra, participam dos mesmos privilégios e os mantêm com a ferocidade necessária. Os donos do poder, dispostos a vender a alma para deixar as coisas como estão.


Há, entre os próprios mestres chamados a transmitir seu saber no instituto de propriedade de Gilmar Mendes e mais dois sócios, quem se prontifique a enaltecer a qualidade dos cursos ali ministrados, em precipitada prática do vitupério. É o de menos. Demais é constatar a obediência à omertà por parte da mídia, a lei do silêncio imposta ao povo siciliano pela Máfia e aqui cumprida pelos senhores midiáticos.

Diz Mendes, de quem supomos mais familiaridade com a lupara do que com a pistola, que CartaCapital serve às conveniências do diretor afastado da Abin, Paulo Lacerda. Pingos nos is. Lacerda, íntegro e competente policial, merece o maior respeito. Afastado injustamente, por obra das insuportáveis pressões do presidente do STF e do ministro da Defesa, Nelson Jobim, já foi convidado a retornar ao cargo pelo presidente da República. Foi o reconhecimento tácito, mas explícito, do erro cometido ao dar ouvidos a dois prepotentes intérpretes da nossa Idade Média.

Leia na Carta Capital

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sábado, 11 de outubro de 2008

Mapa da Mina



O Projeto Donos da Mídia reúne dados públicos e informações fornecidas pelos grupos de mídia para montar um panorama completo da mídia no Brasil. Lá estão detalhadas preciosas informações sobre emissoras e retransmissoras de TV; rádios AM, FM, Comunitárias, OT e OC; operadoras de TV a cabo, MMDS e DTH; canais de TV por assinatura; e as principais revistas e jornais impressos.

Está lá um amplo quadro da comunicação social brasileira, listadas e relacionadas as relações econômicas entre os grupos privados, além dos regimes de informação, aos quais as populações estão submetidas. Listados as redes, os grupos, as pessoas e outros dados.
Há o mapa dos parlamentares e autoridades em geral que possuem - ou tem sociedade - veículos de comunicação.

O projeto foi idealizado por Daniel Herz

Divirta-se.

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quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Os Profetas do Caos



The brazilian bad-boys of Wall Street

Diariamente, ouve-se no Bom-dia, Brasil! muita coisa sobre a crise gerada pelos especuladores de Wall Street e sobre seus desdobramentos no mundo e no Brasil. Mas, deve-se precaver com a leitura das entrelinhas e a interpretação daquilo que mais se assemelha uma torcida contra o Brasil, como parece mostrar os textos matutinos da Rede Globo de Televisão.

Tudo sob o aval da esperta Míriam Leitão ou de um ou outro “especialista” na área, quase sempre os mesmos. Colonizados e submissos, não fazem nenhuma avaliação crítica marcante sobre o banditismo financeiro que gerou a atual crise.

Preferem fazer coro com manjados executivos das finanças, os especuladores locais, a alardear sobre a chegada da crise ao Brasil e sobre as medidas que o governo deveria tomar. Consideram sempre “insuficientes” ou “atrasadas”. Mesmo conscientes de que o pânico na bolsa de São Paulo decorre da debandada do capital especulativo, que saiu a tapar buracos financeiros em suas origens.

Mesmo sabendo que o Brasil está preparado com reservas para enfrentar os dias difíceis que se anunciam. Diferentemente de outras épocas, recentes, em que a economia do Brasil sofria interferência do FMI e era movida pelo aumento da dívida com credores internacionais.

Hoje, além de uma confortável reserva em dólares, o Brasil tem, como avalia a economista Maria da Conceição Tavares, “algumas vantagens para enfrentar a crise, entre elas a existência de três fortes bancos estatais e algumas empresas públicas de peso, salvas das privatizações desfechadas pelo governo FHC. Isso dá ao governo instrumentos para intervir no mercado”.

Leia a íntegra no Boletim H S Liberal

domingo, 5 de outubro de 2008

Os vestais e a moral escondida

O empresário Gilmar 03/10/2008 17:37:27
Leandro Fortes*


“Quem quiser ficar rico, não vá ser juiz” João Batista de Arruda
Sampaio, desembargador e jurista
(1902-1987)

Desde que veio à tona a história do suposto grampo de uma conversa com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, galvanizou os anseios de uma parte da sociedade que enxerga nos ministros de tribunais superiores a chance de controlar o poder negado nas urnas em eleições recentes. Como “vítima” de uma interceptação ilegal até agora não comprovada, Mendes acabou alçado à condição de paladino do Estado de Direito, dos valores republicanos e, por que não, da moralidade pública.

O episódio exacerbou uma tendência crescente do STF, a de interferir além dos limites de sua atribuição na vida dos demais poderes. Coube a Mendes chegar ao extremo, quando chamou “às falas” o presidente da República por conta da mal-ajambrada denúncia do tal grampo. O Congresso, a Polícia Federal, os juízes de primeira instância, o Ministério Público, ninguém escapa da fúria fiscalizadora do magistrado que ocupa o principal cargo do Poder Judiciário no Brasil.

Quem tem a pretensão e o pendor para “varão de Plutarco”, presume-se, segue à risca na vida particular os padrões morais que prega aos concidadãos. Não parece ser este o caso de Mendes. A começar pela sua participação no controle acionário do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). Há de cara um conflito ético, ainda que as regras da magistratura não sejam claras o suficiente sobre a permissão de juízes possuírem negócios. Criado em 1998, o IDP organiza palestras, seminários e treinamento de pessoal, além de oferecer cursos superiores de graduação e pós-graduação. Entre 2000 e 2008, faturou cerca de 2,4 milhões de reais em contratos com órgãos ligados ao governo federal, todos firmados sem licitação. No quadro de professores contratados pelo instituto figuram ministros de Estado e dos tribunais superiores, e advogados renomados, vários deles defendendo clientes com ações que tramitam no STF presidido por Mendes.


A Lei Orgânica da Magistratura deixa dúvidas sobre os limites da atuação de juízes além dos tribunais. O parágrafo 2º do artigo 36 diz ser vedado exercer cargo de direção ou técnico de sociedade civil, caso do IDP, mas nada diz sobre possuir ações ou cotas do empreendimento. Magistrados mais antigos sempre interpretaram que a lei só permite ao juiz dar aulas remuneradas, nada mais. A visão tem mudado. Estudiosos do Direito como David Teixeira de Azevedo, professor da Universidade de São Paulo, e Dalmo Dallari, professor aposentado da USP, afirmam que não há nada na legislação que proíba expressamente a participação societária em empresas privadas. “É preciso ver, porém, se o juiz se valeu de sua condição para obter qualquer tipo de benefício.”

* Colaboraram Filipe Coutinho e Phydia de Atahyde
*Confira a íntegra desta reportagem na Carta Capital
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sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Fora DELL! Ou respeita as lei brasileiras.




Desrespeito aos brasileiros:
O Globo: política estadunidense contra Cuba também afeta brasileiros

HAVANA, Cuba, 29 set (ACN)
Um artigo do jornal O Globo, demonstra como a política externa dos E.U. contra Cuba também afeta os cidadãos de seu próprio país.


Segundo recente edição do importante jornal carioca cidadãos brasileiros não foram autorizados a receberem créditos de bancos locais como resultado das regras que os E.U. têm imposto contra Cuba, relatou Prensa Latina.

O Globo cita o exemplo de Vânia Maria Parreira, que tentou comprar um laptop DELL e para isso solicitou crédito bancário. No entanto, o banco indeferiu o seu pedido depois de fazer uma série de perguntas sobre possíveis viagens e, sobretudo, se a ilha de Cuba estava em seus planos.
Parreira respondeu que caso tivesse a oportunidade, ela visitaria o país antilhano. Dias depois, a mulher soube que o financiamento fora negado porque os Estados Unidos e Cuba não têm boas relações. Parreira apresentou uma denúncia em um site de defesa do consumidor e pediu satisfações à empresa.

A DELL Brasil confirmou a O Globo que não estava autorizada a fazer a venda por causa de restrições nas políticas de importação do governo norte-americano.

O advogado Eurivaldo Becerra Neves disse ao jornal que a medida é discriminatória e viola o artigo cinco da Constituição brasileira.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Interesses do agro-negócio no coração da floresta.

Vale a pena ler a postagem do HSLiberal, que esclarece sobre os interesses ocultos na questão Raposa Serra do Sol:

“Um dos cenários ficcionais divulgados, para ocultar ou disfarçar os interesses dominantes, consiste em afirmar ameaçada a soberania brasileira, em particular na fronteira com a Venezuela”. Quem diz é o jurista Walter Ceneviva, na Folha de S Paulo de 13/9. O foco é a discussão no STF sobre a terra indígena Raposa Serra do Sol, para ele “marcada por forte viés econômico”.

Ceneviva demonstra como nenhuma das diversas formas de soberania previstas na Carta Magna, como na competência para manter relações com Estados estrangeiros e com organizações internacionais, estaria ameaçada pela situação criada pelas demarcações das terras dos indígenas.

Do outro lado, a Carta Magna garante aos índios a preservação de sua organização social nas terras tradicionalmente ocupadas por eles em caráter permanente: "utilizadas para suas atividades produtivas, imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a suas reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições", diz a Constituição.

Surpreende, por inoportuna, beirando a paranóia, a posição do deputado Aldo Rebelo(PCdoB) em rotular as diferentes manifestações das índias Joênia e Elielva como de escancarada natureza fratricida. Transforma-se em mais “uma fantasia maliciosa para fingir que existe um problema”, como expôs no mês passado, na Folha, o jurista Dalmo Dallari. Um lamentável equívoco do deputado.

O apelo fácil desse discurso falsamente nacionalista e a veemente condenação à política

indigenista, como dizia Cavalcanti-Schiel em Le Monde Diplomatique, reforça uma teia de interesses econômicos, sobretudo fundiários, na região. Faz coro com os grileiros que desmatam a região.

Leia a postagem completa
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quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Recado de Lula



Eu queria muito votar na cidade do Rio de Janeiro. Se eu votasse no Rio, o meu voto seria de Jandira. Eu vou torcer para que a esquerda do Rio tenha muita consciência

O recado é do Presidente Lula, enviado por meio do ministro dos esportes. Do alto de um carro som, em massivo comício na Cinelândia.

O ex-ministro Roberto Amaral (PSB) também defendeu o apoio à candidata do PC do B: “Esta campanha tem que ser da unidade da esquerda. Sempre que a esquerda se dividiu ela perdeu. Eu pergunto à esquerda: nós vamos ficar de braços cruzados e fora do segundo turno?”.

Globo

BRASIL NUNCA MAIS

BRASIL NUNCA MAIS
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